domingo, 10 de abril de 2011

Aula de literatura

Isso se deu em uma aula de Literatura, falou o mestre:
- Quem conta um conto aumenta um ponto.
- Ponto final ou ponto de seguimento? - os alunos haviam acabado de descobrir as maravilhas da gramática.
Ficou a pensar o ilustre se aquilo seria algum tipo de piada, mas a expressão dos seres que o encaravam agora não deixava margem para piadas. Seria algum tipo de teste? Algo para pegar o professor desprevenido? Pensou que não, e, além disso, não achava que eles seriam capaz de tal feito. Fora treinando na melhor faculdade e tinha tantas pós, teorias e alegorias, que ele agora precisava de dois quartos. Resolveu então, como fazem os falsos sábios, se esquivar daquela pergunta devolvendo-a ao autor.
- O que você acha?
- Acho que isso é uma metáfora, que fala sobre como as pessoas sentem necessidade de colocar um pouco de si nas histórias que ouvem e repassam, assim como a minha pergunta, ela não foi algo meramente literal e o senhor deveria saber isso, não apenas por ser um professor mais, principalmente, por ser um professor de literatura.
A essa altura o professor já estava abismado, mas, em geral, a juventude não se intimida por tão pouco e continuou.
- Talvez se o mestre não desprezasse as diversas fontes de conhecimento, poderíamos ter tido uma discussão muito produtiva, profunda e até mesmo enriquecedora. Mas de nada adianta uma caixa bem adornada se nada foi colocado nela.
- Ah, isso também foi uma metáfora.
Poderia dizer que depois disso houve uma mudança de postura, uma altercação que levasse a algo alem de reproduções didáticas, mas mestres como esse trazem um contexto muito forte. E tudo isso acabou com uma diretoria, uma suspensão e, como acontece em mais casos do que gostaria de falar, um repressão. No outro dia a sala ficou quieta respondendo apenas quando era perguntada.

Um comentário:

  1. Gabi, é um ótimo argumento, dá prá desenvolver mais a idéia e gerar uma polêmica interessante! Parabéns!

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